#PAULIPREV - Instituto pode estar em risco NOVAMENTE ?!
O Pauliprev, Instituto de Previdência dos Funcionários Públicos de Paulínia, é o órgão que deve cuidar dos recursos destinados à aposentadoria dos trabalhadores públicos da cidade e oferecer a tranquilidade e segurança aos paulinenses que se aposentam, após prestarem seus serviços à Prefeitura, Câmara Municipal e autarquias municipais.
Porém, a administração do Instituto parece não se pautar pela segurança e tranquilidade que deve oferecer aos seus segurados, fazendo o Instituto passar por inscertezas e assumindo decisões duvidosas na gestão dos milionários recursos do Pauliprev.
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Dessa vez, a situação é o fantasma do caso "Porcão", que já assombrou os servidores há três anos, também no governo Pavan, e que pode estar rondando novamente o Pauliprev.
Através de uma rede de contatos, empresas e nomes interligados, já conhecidos de 2012 e com histórico de denúncias e irregularidades, o cofre do Instituto paulinense pode estar em risco devido ao investimento da ordem de R$ 109 milhões em um fundo da Bridge Trust, empresa citada na CPI dos Fundos de Pensão e dos mesmos administradores que já cuidaram do "Fundo Porcão".
As relações milionárias e perigosas começam com a aplicação de R$ 40 milhões durante a administração do prefeito José Pavan Júnior, por parte do Pauliprev, no fundo NSG Varejo, que investia quase a totalidade dos recursos em papéis da empresa BFG (Brasil Food-Service Group), que posteriormente mudou de nome para Brazal Alimentos S.A., administradora de restaurantes, entre eles da famosa churrascaria carioca Porcão. Com negócio dos restaurantes indo de mal a pior, a gestão do fundo, agora chamado FPI, passou para a empresa Bridge Trust, do economista Zeca de Oliveira.
Zeca Oliveira é ex presidente do Banco New York Mellon (um banco atuante no mercado de fundos de investimento) e foi afastado do BNY Mellon em 2013, depois que uma auditoria interna identificara "potenciais violações das políticas e procedimentos", segundo nota do banco.
A relação dos controladores da BFG com Zeca e a prática de buscar recursos em fundos de pensão/previdências não era nova. Em 2010, um fundo administrado pelo BNY Mellon (sob a presidência de Zeca) investiu R$ 60 milhões de reais do caixa de previdência dos servidores municipais do Rio de Janeiro (Prev-Rio), em títulos da empresa Casual Dining coincidentemente dos mesmos donos de BFG. A operação foi contestada pela prefeitura do Rio e pelo Ministério Público Estadual, que entenderam que os recursos do Previ-Rio só poderiam ser investidos em títulos públicos federais ou em fundos do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. O dinheiro foi devolvido à prefeitura.
Antes, os próprios sócios da BFG já haviam levantado recursos com fundos de previdência de funcionários públicos da prefeitura de Nova Iguaçu (RJ) e dos servidores do estado de Tocantins, ambos questionados pelo Ministério Público e pela Previdência Social.
Investimentos do Pauliprev
Em Paulínia, a orientação também é clara: no documento "Políticas de Investimentos 2015" do Pauliprev, o artigo que trata sobre o credenciamento reza que para realizar qualquer operação o Instituto deve assegurar que as instituições escolhidas para receber as aplicações devam ser formalmente atestadas com "elevado padrão ético de conduta nas operações realizadas no mercado financeiro e ausência de restrições que, a critério do Banco Central do Brasil, da Comissão de Valores Mobiliários ou de outros órgãos competentes desaconselham um relacionamento seguro".O documento indica também que "o credenciamento recairá além do próprio fundo de investimento, sobre a figura do gestor e do administrador do fundo". Ao que parece, o Pauliprev passou por cima e fez vista grossa para o histórico das empresas de Zeca Oliveira.
Ativos de "alto risco"
Em junho de 2015, o economista Zeca abriu mão da administração do fundo FPI, que cuida dos negócios Porcão, mas, antes disso, assumiu o fundo de investimentos Ático RF IMA-B 5, que passou a se chamar Tower Bridge RFIMA-B 5, cujo embrião, a empresa Ático, foi investigada na Operação Miquéias da Polícia Federal.Em relatório de sindicância deste ano encaminhado ao Ministério Público do Tocantins, o IGEPREV, instituto de previdência daquele estado, apontou diversos ativos deste fundo com de "alto risco de crédito" como Grenada Participações e Ebig Empresa BR.
Outra empresa que recebe aportes do fundo, a Domus, foi denunciada pelo Ministério Público daquele mesmo estado por fraudes no Programa Minha Casa Minha Vida. Diante deste quadro, DEZ Ações Civis Públicas foram movidas pelo MPF contra ex-gestores do instituto, inclusive decretando bloqueio de bens. Foi neste mesmo fundo, sob a gestão da Bridge Trust, que o Pauliprev colocou R$ 109 milhões dos recursos da previdência dos servidores paulinenses neste ano, "apostando" novamente em negócios do suspeito Zeca Oliveira, mesmo ainda contabilizando prejuízos do caso "Porcão".
Caso Correios
O banco BNY Mellon, à época sob presidência de Zeca Oliveira, também está envolvido no desvio de mais de R$ 200 milhões do Fundo de Previdência dos Trabalhadores dos Correios (Postalis). Em 2011 cerca de R$ 80 milhões do fundo foram usados para adquirir 75% do total de debêntures emitidas pelo grupo educacional Galileo, criada um ano antes no Rio de Janeiro.O lastro (segurança financeira) oferecido foi apenas as mensalidades do curso de medicina da Universidade Gama Filho, uma das duas universidades do grupo, que naquele momento já passava por dificuldades financeiras e risco de descredenciamento pelo MEC. Comprá-las era uma decisão temerária e só uma gestão política poderia garantir a aplicação milionária num negócio pra lá de suspeito, o que a Polícia Federal definiu como "aprovação por influência política, sem critério técnico". Assim como os dirigentes dos fundos, o banco BNY Mellon, contratado para administrar os investimentos e liderado por Zeca, também não viu risco algum na operação.
Fonte: Jornal Gazeta Paulinense
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